Tenho medo de altura! Nem sequer me aproximo de parapeitos de sacadas...
É natural ter medo de altura. Bom...pelo menos para pessoas em condições
normais. E é o que se espera de todos os alunos iniciantes desse esporte. O
visual da paisagem na altura onde se realiza um salto não causa o mesmo impacto
que a imagem de cima de um muro ou telhado, já que nesses casos o referencial
(ou seja o chão) está próximo e nos assusta.
Como vou enfrentar o medo?
O medo é uma ferramenta muito útil na fase de formação dos atletas, sendo na
verdade um aliado. Esta sensação estimula a concentração e responsabilidade em
cada passo dos seus saltos.
E qualquer um pode saltar ou tem que ser "atleta"
?
Hoje em dia, nosso esporte não exige do praticante nenhum esforço especial
fisicamente falando. Para realizar um curso e saltar uma pessoa só precisa ter
mais de 15 anos (isto se deve às normas) e ter menos de 95 kg. Para saltos
duplos o mínimo de idade é 7 anos e o máximo de peso 95 kg. Não há limite máximo
de idade para se praticar pára-quedismo.
Mas, e o impacto na hora que chega no chão?
Os equipamentos usados em nossa escola permitem um pouso muito suave, já que
existe um freio aerodinâmico que se aplica instantes antes de tocar ao solo. Nos
primeiros saltos, usamos um rádio transmissor que permite a um instrutor em
solo, auxiliar o aluno, indicando a altura correta para uso do freio. Este
grande avanço dos atuais equipamentos é o principal fator que torna possível um
pouso de uma senhora de 70 anos de idade, com segurança, e facilidade no manejo
a uma criança.
E se o tal do pára-quedas não abre?
A primeira pessoa que saltou de pára-quedas com certeza também pensou nisto e
desde aquela época até os dias de hoje, várias fábricas estudam, aperfeiçoam e
testam vários modelos diferentes, pensando não só em segurança, como também em
performance. Hoje em dia é fácil chegar a conclusão que o nível de segurança é
tão alto que uma pane em um de seus pára-quedas (lembre-se que são sempre dois)
só pode vir a acontecer no caso de uma falha humana, em geral grave, na
manutenção ou manuseio do mesmo. Imagine só se hoje em dia fosse comum uma falha
no equipamento...os pára-quedistas teriam que usar três ou quatro reservas...na
verdade, uma pane é muitíssimo rara e por isso , apesar de possível, ninguém
leva consigo mais de dois pára-quedas em um salto, desde um aluno ao atleta de
ponta, mesmo este contando com patrocínios altos ( inclusive de fabricantes) e
tendo a sua disposição um grande aparato de alto investimento financeiro.
Como é então que acontece um acidente em um salto?
Acidentes ocorrem no pára-quedismo, assim como outras atividades, devido à
falhas humanas de imperícia ou imprudência. Aí é que entram o conhecimento e
controle responsável das atividades de salto. Imperícia, no caso deste esporte,
se resolve nunca praticando sem a prévia preparação com uma escola experiente,
isto não só para o iniciante, mas também para o atleta que almeja realizar um
tipo de salto ainda novo para ele. Imprudência por sua vez se resolve com
responsabilidade de cada atleta em seguir os padrões da norma, porque afinal, se
acontecessem acidentes em situações "dentro da norma", então teria que se mudar
a norma!!!
Eu sou meio desligadão... e se eu errar alguma
coisa na hora do salto?
Durante o curso teórico você será preparado para realizar seu salto com sucesso.
No seu primeiro salto sozinho por exemplo, a sua responsabilidade é bem pequena,
já que o pára-quedas se abre automaticamente e sua navegação é acompanhada por
um instrutor de solo via rádio que vai lhe auxiliar até sua chegada macia no
alvo programado. Com certeza, a cada salto, seus instrutores lhe passarão novas
responsabilidades, baseando-se em seu desempenho e confiança.
E não tem perigo de eu cair em uma árvore ou em um
fio elétrico ?
Bem, você só pousará sobre um obstáculo se quiser...seu pára-quedas é totalmente
obediente às suas ordens. Ele sempre "anda" para onde você o direciona. Saiba
que seu pára-quedas tem uma razão de planeio de aproximadamente 4 para 1 (*) .
Isto quer dizer que ele "anda" para frente 4 metros, enquanto "desce" apenas 1.
Portanto se você notar que vai se chocar contra um fio, apenas quando estiver a
3 m de altura em relação a ele, significa que pode virar seu velame
(pára-quedas) para outro lado e se afastar 12 m (4 vezes 3 metros)
horizontalmente dos fios até chegar a sua altura.
(*) estes valores dependem do tipo do velame e peso do atleta.
E se o vento me levar para longe...?
O vento é apenas uma componente no seu deslocamento horizontal. Significa dizer
que se o seu velame tem velocidade horizontal de 25 km/h (*) e está voando no
mesmo sentido em que sopra um vento de 20 km/h, o mesmo está se deslocando a 45
km/h em relação ao solo. No caso de estar voando no sentido contrário ao vento,
ele voará a 05 km/h em relação ao chão. Com isso, podemos nos deslocar em
qualquer sentido, mesmo contra o vento. Mas é claro que se houver um vento igual
ou acima da velocidade do velame, este será impedido de "andar" ou ainda vai ser
"arrastado" pelo vento para trás (em relação ao solo). Nestes casos, ou seja ,
com vento forte acima dos padrões da norma, não se realizam saltos.
(*) a velocidade absoluta (independente do vento) depende do tipo de velame e
peso do atleta.
E se um vento muito forte aparecer bem na hora que
estou saltando?
Bem, se o vento ultrapassar o limite de norma durante seu salto e isto lhe
impedir de voar até o alvo, não é por isso que você terá de pousar em um local
indesejado, como por exemplo sobre um grupo de árvores. Lembre-se que, virando a
favor do vento, você pode percorrer uma distância horizontal bem longa,
auxiliado pelo vento fortíssimo e com isso pode escolher com tranqüilidade um
local adequado para pouso. Para evitar essa situação, nenhum pára-quedista salta
do avião exatamente sobre o alvo e sim com uma certa distância, que cobre a
hipótese do vento aumentar de intensidade durante o vôo. Desta feita após aberto
o pára-quedas, nos dirigimos ao alvo sempre indo a favor do vento.
Alguém já desmaiou enquanto estava saltando ?
Desmaiar durante um salto é muitas vezes mais difícil de acontecer do que
enquanto dirigimos um carro por exemplo, porque o nível de adrenalina e outras
substâncias de auto-defesa que circulam em nossa corrente sangüínea durante a
situação de excitação (por medo, ansiedade ou até euforia) mantém nosso corpo em
funcionamento do tipo "à todo vapor", praticamente descartando a chance de um
desmaio. Caso uma pessoa desmaie durante um salto com pára-quedas de abertura
automática (equipamento utilizado pelos alunos) o mesmo se abrirá. E no caso da
ocorrência com um atleta em queda livre, o fato do mesmo não acionar seu
equipamento até uma altura limite dentro das normas de segurança, faz com que o
disparador automático computadorizado (*) seja acionado abrindo o pára-quedas
reserva. Em ambos os casos o atleta terá o pouso amenizado pelo fato de que
todos os velames (principais ou reservas ) após a abertura permanecem em
situação de meio freio até a liberação do mesmo pelas mãos do atleta.
(*) todos os equipamentos de salto utilizados pelos alunos usam um disparador
automático do reserva, que aciona o mesmo em caso de se ultrapassar uma altura
pré ajustada em velocidade superior a de uma descida normal com pára-quedas
aberto, configurando que o atleta está ainda em queda livre, onde já deveria
estar com um dos dois velames inflados.
Dá para respirar durante a queda livre? Não é
muita pressão para os ouvidos?
A respiração é normal. A diferença de pressão não causa tanto problema. Ao se
mergulhar em meio líquido a pressão aumenta muito a cada metro que descemos. O
ar é menos denso e esta alteração de pressão é menor, e lembre-se...quando você
sobe a pressão diminuí...a altura usual de um salto duplo é de 8 á 10 mil pés, o
que equivale à altura da cidade de Lapas na Bolívia, onde se vive normalmente. A
altura de um salto static line (abertura automática) para um iniciante não passa
de 5 mil pés.
É difícil aprender a saltar? Demora muito?
Com pessoal especializado, material didático e principalmente motivação por
parte dos alunos, as instruções básicas para iniciantes são normalmente
realizadas em média com uma duração de 12 horas/aula divididos em 04 dias. Para
dar seqüência em seu aprendizado é só agendar os novos saltos. Dependendo do
tempo despendido em instruções (sempre individuais) antes de cada salto, você
pode realizar até 4 ou 5 saltos em um único dia, durante a fase de instrução e
muito mais quando você se tornar um pára-quedista autônomo.
E se eu não quiser saltar na hora H? Alguém vai me empurrar?
Claro que não. Você contrata um instrutor para lhe ensinar e ajudar a saltar,
não para te forçar... muitas pessoas tem curiosidade em saber se é comum as
pessoas desistirem na hora do salto. Com alunos que realizaram o curso de 1º
salto em Curitiba, isso não acontece a anos. Nós sabemos que hoje um aluno só
desistirá de saltar após ter embarcado na aeronave, caso não se sinta preparado.
Com a dedicação do seu instrutor, você será liberado para embarcar somente
quando estiver completamente pronto e confiante, pois lembre-se: seu instrutor
quer tanto quanto você comemorar ao final de um dia, os sucessos de cada salto.
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