O uso do arco e flecha data dos primórdios da civilização humana. É possível
estabelecer com exatidão a data e origem dos esportes em geral, mas não do
tiro com arco, uma vez que as citações se perdem nas origens mais distantes da
civilização.
Investigações com Carbono 14 demonstraram a presença do arqueirismo há
cerca de 25 mil anos. A descoberta desta arma permitiu a sobrevivência do homem
primitivo, através da caça e uso do aparato nas guerras tribais antigas.
“Podemos Afirmar, sem medo de erro, que somente a descoberta do fogo se
ombreou em importância com a do arqueirismo, permitindo a ascensão da espécie
humana na superfície do planeta” (In “Arco e Flecha, O Esporte”, Comte. Mário
Jucá de Castro, 1977).
No período compreendido entre os tempos bíblicos e o século 16, inúmeras
são as citações escritas sobre o arco e flecha. Conta a História Geral que,
do período bíblico até o final da Idade Média, o poder das nações dependia
inteiramente da habilidade dos arqueiros infantes ou montados. Este período
também é rico em lendas gregas e asiáticas sobre heróis arqueiros.
Alguns informes são sobre os Jogos Olímpicos, festividades egípcias, assírias,
babilônicas e os Jogos Romanos do Coliseu. Mas a grande maioria das citações
são relativas à utilização do arco como arma de guerrear.
Gengis Khan conquistou grande parte do mundo conhecido na época utilizando
em sua horda mongol arcos curtos e potentes.
A Inglaterra, na Europa, é a principal responsável pela evolução do arco
e flecha, pelo desenvolvimento do famoso “arco longo” ou “longbow” e das
flechas bem emplumadas, permitindo grande precisão de tiro.
Batalhas importantes foram ganhas pela Inglaterra pela habilidade de seus
arqueiros e qualidade de seus arcos e flechas. Além de vencer batalhas como
Crecy, Poitiers e Agincourt, o poder dos arqueiros britânicos forçou a
assinatura da Carta Nagna pelo Rei João.
Os reis antigos baixavam éditos – leis – tornando obrigatório o porte
constante de arcos e flechas pelos jovens ingleses, que formavam uma “milícia
nacional”, sempre armada e de prontidão para combater as invasões vikings,
normandas, etc.
O interesse pelo tiro com arco era mantido através de inúmeros torneios
nacionais ou regionais nos condados ingleses, sendo os vencedores tratados com
honras de heróis nacionais, recebendo favores da realeza e bons prêmios em
dinheiro. A Guerra das Duas Rosas tornou-se o ponto culminante da fama do
arqueirismo como principal arma de guerra.
A descoberta da pólvora e o desenvolvimento das armas de fogo tornaram inúteis
o arco e flecha como armas em guerras. Porem, durante a Guerra do Vietnã, o
arco e flecha foram novamente utilizados como arma bélica e desenvolvidos para
o uso em florestas, dando origem ao arco composto atual. Silencioso e menor que
o “longbow”, não denunciava sua localização ao inimigo.
Muitos monarcas ingleses, inclusive a Rainha Vitória, praticavam tiro com
arco. Henrique VIII foi um renomado arqueiro. Competições organizadas como
esporte iniciaram em seu reinado. Ajudou ainda a fundar o primeiro “clube”
de arqueiros, o Fraternity os St. George, em 1537.
Em 1545, o inglês Robert
Ascham, instrutor da Rainha Elizabeth I, escreveu o
primeiro livro sobre ensinamentos da arte do arqueirismo: “TOXOPHILUS”.
“TOXOPHILITY” significa “amantes do arco”.
O Príncipe de Gales, Rei George IV, estabeleceu, em 1787, as “prince’s
lenghts” (alvos nas distâncias de 60, 80 e 100 jardas, equivalente a 55, 73 e
91 metros) e os “prince’s reckoning” (pontuação para os vários anéis
do alvo em 9, 7, 5, 3 e 1 pontos).
Do período Renascentista até a Era Moderna, tornou-se um esporte,
principalmente na Inglaterra, onde era praticado tanto por plebeus como por
aristocratas.
Embora não existissem competições, saber atirar uma flecha corretamente
era considerado como ato de elegância e educação primorosa.
Neste período, os ingleses praticavam o ROVER GAME. Um grupo de arqueiros
passeava em um bosque e um deles escolhia um determinado objeto como alvo (árvore,
folhas, moita, flor, etc). Todos atiravam neste alvo e o que chegasse mais próximo
era declarado capitão do grupo e tinha o direito de escolher o alvo seguinte.
O ROVER GAME desenvolveu o gosto pelo arqueirismo e mostrou a necessidade de
organizar competições para a sobrevivência do esporte. A primeira competição
de tiro com arco que se tem notícia ocorreu em Finsbury, Inglaterra, em 1583,
com 3.000 participantes. A primeira competição internacional de tiro com arco
foi disputada entre Inglaterra e França e incluía tiro com arco e por distância.
A Real Sociedade de Toxophilia foi fundada no final do século 18 e organizou,
em 1844, o Primeiro Campeonato Inglês de Arqueirismo. Atualmente na Inglaterra
esta modalidade esportiva é controlada pela GRAND NATIONAL ARCHERY SOCIETY, em
Essex.
No continente americano, os Arqueiros Unidos da Filadélfia, primeiro grupo
organizado de arqueirismo, foi fundado em 1828 e organizou competições durante
vinte anos, até a Guerra Civil Americana. A NAA – National Archery
Association – fundada em 1879, organizou a primeira prova dos Estados Unidos
neste mesmo ano.
Desde esta época, as competições nunca foram interrompidas e durante os anos
de guerra eram realizadas por correspondência (Mail Match).
A partir de 1930 as competições nos Estados Unidos se estenderam de costa a
costa. O surgimento de novos materiais para a fabricação de arcos, flechas,
penas, etc, com melhor desempenho e menor custo para os desportistas, elevou o número
de praticantes, hoje considerado como maior que os exércitos de Gengis Khan.
Nesta época surgiram também as primeiras publicações especializadas, como
a Bow and Arrow e The Archery’s Magazine.
Nos Estados Unidos, em 1940, foi fundada a National Field Archery Association
– NFAA – que realizou o primeiro campeonato field, em 1946. Por outro lado,
arqueiros profissionais fundaram a Professional Archers Associations e os
fabricantes de equipamentos fundaram a Archery Manucactures Organization.
Como modalidade esportiva, o tiro com arco alcançou grande destaque no fim
do século 19 e início do século 20.
Foi aceito como esporte Olímpico nos Jogos de Paris, em 1900; Saint Louis,
1904; Londres, 1908 e Antuérpia, 1920. Nestas quatro Olimpíadas, era possível
um arqueiro competir em diversas categorias e ganhar várias medalhas. O belga
Hubert van Innis é o arqueiro com maior número de medalhas da História Olímpica,
com 6 medalhas de ouro e 3 de prata nos Jogos de 1900 e 1920.
A ausência de um organismo internacional, responsável por regulamento único,
resultou na retirada da tiro com arco das Olimpíadas, por 42 anos.
Em 1931, na Polônia, foi fundada a Federação Internacional de Tiro com
Arco – FITA – formada inicialmente por 8 países, com destaque, por tradição
e importância para França, Inglaterra e Bélgica.
No mesmo ano aconteceu o Primeiro Campeonato Mundial, na cidade de Lvov, Polônia,
com a presença de 4 países.
Atualmente a FITA tem a adesão de mais de 120 países.
Em 1972, em Munique, na Alemanha, o tiro com arco retorna aos Jogos Olímpicos,
com um evento individual para homens e mulheres.
Os americanos John William e Doreen Wilber conquistaram a medalha de Ouro. A
partir daí, o Tiro com Arco se mantém como modalidade olímpica.
Fonte: Confederação Brasileira de Tiro com Arco |