Você
compra, ganha ou mesmo adota um cão, mas não gosta do nome dele. Você pode
mudá-lo? Isso trará problemas ou desvantagens? Uma das dúvidas mais freqüentes
dos proprietários é de como devem agir para fazer o cão entender que tem um
novo nome, ou de como condicioná-lo a vir quando for chamado por esse nome.
Muitas
pessoas que alteram o nome de cães adotados ficam surpresas com os
resultados. Relatam que seus cães, além de terem aprendido o novo nome
rapidamente, passam a impressão de gostar mais dele que do antigo. Por quê?
Alguns
proprietários utilizam o nome do cão para dar broncas ou antes de puni-los
fisicamente, o que resulta em uma associação negativa com o nome. Antes,
toda vez que o seu cão ouvia aquela palavra (o nome dele), ele apanhava,
ficava de castigo ou levava uma bronca — o nome, portanto, passou a ser algo
desagradável para o cão. Quase sempre é mais fácil associar uma nova
palavra com coisas agradáveis do que transformar o desagradável em agradável.
Esse é o motivo que justifica e explica a troca de nomes. Se você não sabe
como o cão foi tratado ou como seu nome foi utilizado, ou, pior, repara
claramente que o cão tem medo do seu próprio nome, é aconselhável esquecer
o nome antigo e ensinar-lhe um novo nome.
Se
você já está tranqüilo quanto à troca, resta a pergunta: existe alguma
restrição quanto aos nomes? É claro que o seu cão não vai entender o que
o nome dele significa, mas evite nomes ridículos, que façam do bicho motivo
de gozação, o que terá uma influência negativa em seu condicionamento.
Isso é mais comum em campeonatos, quando o nome do cão é dito no microfone
e pode gerar risos e repetições do nome que distraem o animal.
O
bom nome, no entanto, deve ter outros requisitos além de não ser ridículo.
Ele nunca deve ser semelhante a palavras de repreensão, de comandos ou mesmo
a palavras freqüentes em uma conversação para evitar associações indesejáveis
e confusões.
É
importante ressaltar também as situações em que o nome pode ser utilizado.
Alguns treinadores dizem que o nome deve ser usado em comandos de movimento,
como “vem”, “busca”, “ataca”, por exemplo, e nunca em comandos
parados, como “senta”, “deita” ou “fica”. Faz sentido? Sim, até
certo ponto. Grande parte dos treinadores forçam os animais, com enforcador
ou fazendo situações desagradáveis, para que eles sentem, deitem ou fiquem.
Nesses casos, quando esses treinadores utilizam o nome do cão antes do
comando, o animal passa a associá-lo com desconforto e deixa de gostar
daquela palavra, prejudicando a relação com o dono. Já os comandos
“vem”, “busca” ou “ataca” são geralmente feitos com prazer pelo
animal, e por isso que alguns treinadores preferem só utilizar o nome somente
nesses momentos.
Já
para treinadores que empregam métodos que não envolvem punição, tal
cuidado se torna inútil, pois o cão fará todos os comandos com prazer e
qualquer associação com o nome será agradável.
Vale
sempre lembrar que o nome do cão não deve ser usado no momento das broncas.
Assim, evite chamá-lo pelo nome quando ele fizer algo errado. Ou seja, nada
de “Fred... nããoooo!!!. Embora seja fácil de entender o motivo do
conselho, costuma ser muito difícil colocá-lo em prática, já que muitas
pessoas mencionam naturalmente o nome nas broncas. Tenha paciência e procure
pelo menos diminuir a freqüência da utilização do nome do seu cão nas
broncas.
Para
terminar, um conselho sobre apelidos. Um apelido é como outro nome. Algum
problema? Não. Cães são capazes de entender facilmente várias palavras que
indicam a mesma coisa. Portanto, seguindo os cuidados acima, fique à vontade
para escolher um apelido prático para seu cão.
Alexandre
Rossi, autor do livro Adestramento Inteligente, é zootecnista especializado
em comportamento animal e adestramento
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