Procurar trufas é como ir procurar um tesouro. Para
desenterrar o "diamante negro", o melhor utensílio é o faro do cão que, em
troca de uma guloseima ou de uma carícia, terá a maior satisfação em
descobrir a localização do precioso fungo.
POR QUE O
CÃO?
A trufa, um cogumelo aromático que se desenvolve sob o solo e
que é muito apreciado por todos os gourmets, é um alimento altamente rentável
em alguns países da Europa, onde se utilizam os cães e os porcos na sua busca.
Na realidade, só os animais são capazes de detectar o muito particular aroma
do cogumelo quando ele está maduro.
Mas cavar sistematicamente a trufeira depressa a destrói,
pois durante essa operação as raízes e o micélio do cogumelo são muito
danificados. Por outro lado, a utilização do porco, que adora esses cogumelos,
pode implicar na perda parcial da colheita. Assim, há vinte anos que os
sindicatos e as associações de truficultores fazem uma campanha de informação
para a utilização exclusiva do cão, a qual tem tido bastante sucesso. Quem se
‘recidou’ mostra-se encantado com o trabalho desse animal, pois não existe
nada melhor do que um cão para sentir o perfume de uma trufa enterrada a
trinta centímetros, num solo às vezes coberto por dez centímetros de
neve.
TRUFA = RECOMPENSA
É extremamente
fácil treinar um cão na busca de trufas, desde que tenha faro, memória e seja
um pouco guloso, qualidades estas que a maior parte dos representantes da
espécie canina tem.
O treinamento baseia-se no condicionamento. Passados dois ou
três dias, um bons exemplar já associa com rapidez o cheiro da trufa ao da
guloseima que lhe é dada em te compensa; os menos dotados demoram de duas a
ires semanas para aprender.
Se o filhote tiver um temperamento tranqüilo, a inicia ção na
busca de trufas pode começar aos cinco ou seis meses. As sessões não deverão
durar mais de vinte minutos. Numa primeira fase, o importante é ensinar o cão
a escavar o terreno. Para isso, enterra-se na véspera (de preferência usando
luvas), a dois centímetros de profundidade, pedacinhos de queijo ou de
qualquer outra igua ria de que o animal goste muito (exceto açúcar ou
chocolate). Nunca se deve esquecer de marcar discretamente o local. Se o cão
tiver bom faro, não deixará de localizar o aroma conhecido e, num impulso
natural, começará a cavar para colocar a descoberto o petisco.
Mas não deixe que ele se atire sobre a isca
como um glutão.
Deve ter paciência: escave também o solo e, no final, ofereça-lhe a
guloseima.
Num segundo passo, enterre junto com o chamariz, um pedaço de
trufa fresca e bem madura (a congelada tem menos perfume e se desfaz
rapidamente na terra).
Quando o cão colocá-los a descoberto, retire a trufa e o
queijo; guarde a trufa e dê-lhe o queijo. Última etapa: enterre só o pedaço de trufa. Se o cão tiver
boa memória, fixará o lugar. Para manter o reflexo, é suficiente
recompensá-lo, todas as vezes, com um pedaço de queijo. Um cão trufeiro nunca
esquece e não é preciso treiná-lo novamente na temporada seguinte.
Para o cão, a
aprendizagem da busca de trutas começa pela localização do lugar em
que o seu dono enterrou uma truta sem se esquecer de lhe associar uma
guloseima. Pouco tempo será preciso para o animal adquirir esse reflexo
e conservá-lo mesmo quando o cogumelo já não for sinônimo de
recompensa. |
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AS REGRAS DO JOGO
Para o cão, em
todo o caso, mesmo supondo que esteja interessado na isca, procurar trufas
significa, acima de tudo, ir passear e manter uma relação privilegiada com o
dono. Existem até mesmo animais que trabalham sem receber nada em troca, só
pelo gosto de agradar. Isso que significa que o cão não está condicionado
apenas à ordem de "busca". Além disso, não tem a voracidade do porco nem o
interesse biológico da mosca. Deve-se felicitá-lo sempre, com muitos carinhos
e palavras de encorajamento, pois a amizade que une os dois cúmplices em que o
homem e o seu cão se transformam é mais eficaz do que a recompensa em si.
Procurar trufas deve-se transformar numa brincadeira. Por
isso, o melhor é alternar o trabalho, durante o qual o cão faz um grande
esforço, com momentos de descanso. Pela mesma razão, não se deve percorrer a
trufeira de ponta a ponta quando, após hora e meia, começar a mostrar-se
infrutífera. Quando chegar esse momento, antes de abandonar o local, enterre
discretamente um pedaço de trufa, para que a busca do cão não acabe com um
fracasso. Para o animal não se desinteressar, aprenda a descobrir nele os
indícios reveladores da localização de uma trufa. O cão nem sempre escava e às
vezes só esfrega o nariz, principalmente quando a terra se cola nas suas
patas. Por último saia em busca de trufas se chover muito ou se houver
geada.
COMPETIDORES DO CÃO TRUFEIRO
Ainda existe quem
utilize na busca das trufas negras o método tradicional do porco, que tem seus
inconvenientes: o animal precisa ser transportado num reboque até a trufeira e
o homem tem que ficar atento para impedir que o porco coma a trufa. é que o
gourmet - que neste caso é o porco - prefere as trufas aos grãos de milho que
se dão a ele como recompensa.
Outro método eficaz
para a descoberta da trufa é o de procurar moscas. Mas não quaisquer moscas e
sim as moscas da trufa, conhecidas como Helomyza (Suilla) Gigantea.
Estas moscas depositam seus ovos exatamente onde estão as trufas para que
suas larvas a utilizem como alimento. As horas mais confiáveis para 'caçar as
moscas' são as do meio-dia, entre as 11 e as 16 horas. Quando o tempo está
encoberto ou com garoa, as moscas parecem menos desconfiadas o que permite uma
melhor localização do local das trufas. Nos dias ensolarados a vantagem é a
melhor visualização dos insetos contra a luz.
Fonte: Coleção
Nossos Amigos, os Cães
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